Vergonha de viver num sítio onde coisas como estas acontecem
Uma senhora trabalhou 15 anos como funcionária de uma livraria até ao momento em que complicações cardíacas a obrigaram a uma complicada intervenção cirúrgica. Isto foi em 2003. Esteve quase 2 meses internada, pois para além do coração, sofria também de diabetes, sendo dependente de insulina 3 vezes por dia, o que não a permitia estabilizar de forma a poder regressar a casa.
Já em casa, durante a baixa médica que se seguiu, outras complicações de saúde foram surgindo: artroses em várias partes do corpo, problemas de visão, síndrome vertiginoso, e para ajudar à festa, uma depressão.
Após 3 ano e tal de baixa, foi chamada a uma junta médica pela Direcção Geral de Saúde do Porto, que a considerou apta para trabalhar.
Apresentou-se ao serviço e a entidade patronal já não estava a contar com ela, o que até é compreensível. Agora, o que eu acho condenável e execrável foi o facto de lhe darem a escolher entre ser despedida com uma indemnização ridícula sem ter em conta os 15 anos de casa (metendo o fundo de desemprego pelo meio!) ou, voltar a trabalhar. Achando a proposta extremamente injusta, voltou a trabalhar.
O que nunca lhe passou pela cabeça foi que, alguém fosse tão abominável ao ponto de ser capaz de a fazer passar pelo inferno! Puseram-na ao balcão num determinado computador (tinha ordens para só trabalhar naquele) que por coincidência, ou não, estava sempre a encravar e a precisar de ser reiniciado, o que a levava a perder muito tempo cada vez que isso acontecia. Quando o patrão se apercebia da situação, não perdia a oportunidade de a humilhar, chamando-a de incompetente e burra à frente dos clientes. O anormal não a deixava sentar-se durante o horário de trabalho e chegou mesmo a insinuar que andava a desaparecer dinheiro das caixas registadoras e que tal só estava a acontecer desde que ela tinha regressado ao trabalho. Os colegas foram obrigados, sob ameaça, a tratar mal e a ser mal-educados com a senhora (mais tarde confessaram-no e pediram-lhe desculpa pelo que a fizeram passar).
Como a estratégia para que a senhora se demitisse não estava a resultar, decidiram mudar-lhe os horários de trabalho. Como a empresa tem várias livrarias, obrigavam-na a trabalhar até à hora de almoço num sítio e apresentar-se depois da hora de almoço noutra loja, para regressar um par de horas depois. Uma pessoa diabética, dependente de insulina, não pode falhar refeições, mas foi o que a senhora foi obrigada a fazer, pois perdia a hora de almoço para se deslocar de uma loja para a outra. Não podia levar carro (demoraria 20 min) pois não tinha onde estacionar, logo tinha de se deslocar a pé. Para uma pessoa saudável, o caminho demora ca. de 1/2 hora a percorrer, mas esta senhora, com alguns problemas de mobilidade (precisa de uma bengala) precisava de mais de 1 hora! Acrescente-se ainda que isto foi durante o Inverno, pelo que chegava ao destino completamente encharcada, enregelada e estafada da caminhada. Chegou, mais que uma vez a sentir-se mal e até a tropeçar e caír ao chão, devido aos problemas de mobilidade. Com tudo isto, a depressão foi-se agravando e a saúde detriorando.
Andava de rastos a semana toda, o corpo não aquentava tanto cansaço e tanto esforço e uma noite de sono não era suficiente para recuperar. Todos os dias, ao chegar a casa, não conseguia conter as lágrimas e o desespero reprimidos durante o dia, provocados pelas humilhações contantes de que era vítima. Cada Domingo à tarde começava o sofrimento de mais uma semana que não tardaria a começar.
Para se ver livre desta situação e deste inferno, teve de se sujeitar a este sofrimento (físico e psicológico) durante 6 meses até poder voltar a meter baixa.
Com o passar do tempo, mais complicações de saúde foram surgindo: inícios de insuficiência renal, incapacidade de ouvir de um dos ouvidos, dores constantes no corpo, falta de equilíbrio, problemas de circulação nas pernas, queda da tensão arterial sem explicação aparente e uma visível degradação que agrava de dia para dia (esta mulher tem 60 anos, mas aparenta bem mais). Hoje em dia, para além da insulina, toma mais de 2 dezenas de comprimidos diários e tem consultas médicas quase todas as semanas. Já foi chamada mais 2 vezes a juntas médicas. O(A) médico(a) que a atendia mal a via e lhe perguntava o que fazia diziam-lhe logo que nem pensar em ir trabalhar naquela situação.
Hoje teve outra junta médica. Apesar da sua aparência frágil e debilitada, de todos os pareceres clínicos de todos os especialistas que frequenta, de todos os exames médicos que comprovam a sua situação, de ter sido referido o tipo de emprego que tinha e o esforço físico que era obrigada a fazer (nem sequer falou da tortura psicológica), o filho da puta do médico achou por bem que ela estava mais que em condições para ir trabalhar. A decisão chocou familiares e conhecidos...
Reclamar?! Claro que sim... 10 dias úteis para apresentar um parecer médico a argumentar a situação (com os custos a serem suportados pela própria) que seria depois avaliado pelo conselho de médicos da própria Direcção Geral de Saúde do Porto. Está-se mesmo a ver qual o resultado disto, não está? É óbvio que a decisão nunca é revogada. Uma perda de tempo (e isto foi dito por um médico), nem sequer vale a pena!
Esta senhora é minha mãe, por isso eu sei bem o sofrimento por que ela passa todos os dias e sei bem a revolta e injustiça que ela está a sentir neste momento!
Merda de país... Situações como estas são intoleráveis numa sociedade dita civilizada.
Já em casa, durante a baixa médica que se seguiu, outras complicações de saúde foram surgindo: artroses em várias partes do corpo, problemas de visão, síndrome vertiginoso, e para ajudar à festa, uma depressão.
Após 3 ano e tal de baixa, foi chamada a uma junta médica pela Direcção Geral de Saúde do Porto, que a considerou apta para trabalhar.
Apresentou-se ao serviço e a entidade patronal já não estava a contar com ela, o que até é compreensível. Agora, o que eu acho condenável e execrável foi o facto de lhe darem a escolher entre ser despedida com uma indemnização ridícula sem ter em conta os 15 anos de casa (metendo o fundo de desemprego pelo meio!) ou, voltar a trabalhar. Achando a proposta extremamente injusta, voltou a trabalhar.
O que nunca lhe passou pela cabeça foi que, alguém fosse tão abominável ao ponto de ser capaz de a fazer passar pelo inferno! Puseram-na ao balcão num determinado computador (tinha ordens para só trabalhar naquele) que por coincidência, ou não, estava sempre a encravar e a precisar de ser reiniciado, o que a levava a perder muito tempo cada vez que isso acontecia. Quando o patrão se apercebia da situação, não perdia a oportunidade de a humilhar, chamando-a de incompetente e burra à frente dos clientes. O anormal não a deixava sentar-se durante o horário de trabalho e chegou mesmo a insinuar que andava a desaparecer dinheiro das caixas registadoras e que tal só estava a acontecer desde que ela tinha regressado ao trabalho. Os colegas foram obrigados, sob ameaça, a tratar mal e a ser mal-educados com a senhora (mais tarde confessaram-no e pediram-lhe desculpa pelo que a fizeram passar).
Como a estratégia para que a senhora se demitisse não estava a resultar, decidiram mudar-lhe os horários de trabalho. Como a empresa tem várias livrarias, obrigavam-na a trabalhar até à hora de almoço num sítio e apresentar-se depois da hora de almoço noutra loja, para regressar um par de horas depois. Uma pessoa diabética, dependente de insulina, não pode falhar refeições, mas foi o que a senhora foi obrigada a fazer, pois perdia a hora de almoço para se deslocar de uma loja para a outra. Não podia levar carro (demoraria 20 min) pois não tinha onde estacionar, logo tinha de se deslocar a pé. Para uma pessoa saudável, o caminho demora ca. de 1/2 hora a percorrer, mas esta senhora, com alguns problemas de mobilidade (precisa de uma bengala) precisava de mais de 1 hora! Acrescente-se ainda que isto foi durante o Inverno, pelo que chegava ao destino completamente encharcada, enregelada e estafada da caminhada. Chegou, mais que uma vez a sentir-se mal e até a tropeçar e caír ao chão, devido aos problemas de mobilidade. Com tudo isto, a depressão foi-se agravando e a saúde detriorando.
Andava de rastos a semana toda, o corpo não aquentava tanto cansaço e tanto esforço e uma noite de sono não era suficiente para recuperar. Todos os dias, ao chegar a casa, não conseguia conter as lágrimas e o desespero reprimidos durante o dia, provocados pelas humilhações contantes de que era vítima. Cada Domingo à tarde começava o sofrimento de mais uma semana que não tardaria a começar.
Para se ver livre desta situação e deste inferno, teve de se sujeitar a este sofrimento (físico e psicológico) durante 6 meses até poder voltar a meter baixa.
Com o passar do tempo, mais complicações de saúde foram surgindo: inícios de insuficiência renal, incapacidade de ouvir de um dos ouvidos, dores constantes no corpo, falta de equilíbrio, problemas de circulação nas pernas, queda da tensão arterial sem explicação aparente e uma visível degradação que agrava de dia para dia (esta mulher tem 60 anos, mas aparenta bem mais). Hoje em dia, para além da insulina, toma mais de 2 dezenas de comprimidos diários e tem consultas médicas quase todas as semanas. Já foi chamada mais 2 vezes a juntas médicas. O(A) médico(a) que a atendia mal a via e lhe perguntava o que fazia diziam-lhe logo que nem pensar em ir trabalhar naquela situação.
Hoje teve outra junta médica. Apesar da sua aparência frágil e debilitada, de todos os pareceres clínicos de todos os especialistas que frequenta, de todos os exames médicos que comprovam a sua situação, de ter sido referido o tipo de emprego que tinha e o esforço físico que era obrigada a fazer (nem sequer falou da tortura psicológica), o filho da puta do médico achou por bem que ela estava mais que em condições para ir trabalhar. A decisão chocou familiares e conhecidos...
Reclamar?! Claro que sim... 10 dias úteis para apresentar um parecer médico a argumentar a situação (com os custos a serem suportados pela própria) que seria depois avaliado pelo conselho de médicos da própria Direcção Geral de Saúde do Porto. Está-se mesmo a ver qual o resultado disto, não está? É óbvio que a decisão nunca é revogada. Uma perda de tempo (e isto foi dito por um médico), nem sequer vale a pena!
Esta senhora é minha mãe, por isso eu sei bem o sofrimento por que ela passa todos os dias e sei bem a revolta e injustiça que ela está a sentir neste momento!
Merda de país... Situações como estas são intoleráveis numa sociedade dita civilizada.
18 viagens:
Uma vergonha, seja do médico seja do dono da livraria. Realmente revolta qualquer um.....
Espero que o caso se resolva pelo melhor.
É mesmo revoltante...
Eu acredito que um dia cada um terá o que merece...
É triste ver pessoas que trabalharam a vida inteira, foram honestas chegarem a esse ponto. Há uns quantos palhaços, que trabalham meia dúzia de anos, e que depois têm reformas exorbitantes, que são pagos com o nosso dinheiro para "cuidarem" da população e não fazem nada pelas pessoas... Se for preciso ainda se ficam a rir...
Que palhaçada...
A única coisa que te posso aconselhar é a enviares a tua história para os Media: SIC, TVI, 24h, Publico, etc. Eles "adoram" estas histórias infelizes e tu podes conseguir denunciar o caso e pode ser que haja alguém que te ajude.
Coragem e não baixes a cabeça. Faço votos que tudo se resolva pelo melhor pra tua familia.
O que tu descreves que se passou no trabalho dela é crime. Aconselha-te perante um advogado, se puderes. Aconteceu-me algo parecido há uns anos atrás, eu estava a ser literalmente ostracizado no meu local de trabalho, e na altura informei-me acerca de muitas coisas. Com provas suficientes podes enfiar um processo nos tipos que os fará arrependerem-se de terem feito tal coisa.
Infelizmente não me lembro muito bem qual o nome da infracção, mas aconselho-te a investigares isso com seriedade.
Minha querida, no lugar da tua mãe apresentava uma queixa à inspecção do trabalho, mesmo sob anonimato. Havia aqui uma loja onde as empregadas trabalhavam demasiadas horas, sem direito a remunração adequada. Um dia, eles foram lá, investigaram e pimba, passaram a ter um horário de lei.
Amiga Claudia o mesmo fizeram à minha mãe. Compreendo o que sentes e o quanto também me revoltam estas situações!
E ainda me perguntam se saí de Portugal pelo dinheiro!
Sonhos Milka
Acho que infelizmente quase todos nós (portugueses) conhecemos directa ou indirectamente casos de injustiça e até maldade semelhantes. Lamentável....
estou chocada. apesar de saber q ha casos destes e q há pessoas que sao umas bestas, fico spe assim qdo dou de caras com um casos destes!
fogooo. nao sei o que te dizer. isso nao pode mm continuar assim. pq há gente tao injusta???
* força p vocês
Manda um beijinho muito grande à tua mãe! Já lá vão uns anitos desde a última vez que a vi, foi sempre cúmplice das nossas maluqueiras de adolescentes!
Muito força para vocês!!
Revoltante, de facto!
É uma vergonha!!!!
Muita força para a tua mãe!!!
É uma vergonha!!!!
Muita força para a tua mãe!!!
nojento :S
Concordo c alguém q aqui já disse pa fazer queixa à IGT. Na loja do Cidadão, com ou sem queixa, os Srs d IGT sao uns queridos explicam tim-tim por tim-tim o q se pode fazer. Uma das irregularidades, parece.me, é obrigarem-na a trabalhar em sitios diferentes, o que está no contrato ou à falta deste qts anos a fio ela trabalhou sempre no mesmo local? Cm diz um advogado q conheço: em Tribunal de Trabalho o empregado já a ganhar 2-0. Muita força e isto vai mudar ;)!
Isto está a ficar um sítio muito feio para viver...
Realmente revoltante! Lamento muito mesmo o que aconteceu com a tua mãe. Ninguém, mas é que ninguém mesmo, deveria ser obrigado a passar pelo que ela passou e, com certeza, ainda passa... Espero que ela tenha ainda algumas razões para sorrir de vez em quando porque uma situação como essa é realmente complicada. Especialmente quando se trabalhou a vida inteira para agora ver o país onde sempre viveu lhe virar as costas... Um beijinho muito especial para ela.
E que tenham força para seguir os conselhos aqui dados de denunciar a situação junto das entidades competentes.
Por alguma razão, emigrei e não tenciono voltar, a não ser de férias e para ver a familia.
O nosso pais é quele onde nos sentimos bem, não própriamente aquele onde nascemos.
É denunciar até à náusea estas situações que as coisas evoluem e mudam... mas naturalmente que entendo o sofrimento e a angústia que não deve estar a ser fácil... :(
Boa sorte!
Bruno
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